sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Variações Linguísticas

A língua é o sistema que usa uma comunidade humana para desenvolver a comunicação e como tal deve ser vista em dois aspectos, o prescritivo (a forma correta, porém não necessariamente a mais usada de se falar) e o descritivo (que é a linguagem em seu uso real).
Este último é a forma de análise da Linguística, que considera diferentes pontos ao descrever sua forma de se comunicar e, diferentemente de outras áreas como a gramática normativa, não considera errado nenhum modo de falar. Apenas considera aquela linguagem apropriada ou inapropriada para aquela determinada situação conversacional.
A Linguística leva em conta os fatores externos e internos que levaram as pessoas a falarem de certa maneira. Dentre esses fatores, podemos destacar quatro pontos principais, chamados de variações:


  • Variação Histórica ou diacrônica
  • Variação Geográfica/Regional ou diatópica
  • Variação Sociocultural ou diastrática
  • Variação Individual/Estilística ou diafásica


Variação Histórica


Também chamada de Diacrônica do grego Dia, que significa através de, e Kronos, que significa tempo.
Como a língua está sempre se modificando pelo seu uso diário, as palavras e expressões mudam de época em época progressivamente.
Como, por exemplo, a pronome de tratamento ‘você’:
A origem etimológica da palavra ‘você’ encontra-se na expressão de tratamento ‘vossa mercê’ (mercê significa graça, concessão), era um tratamento dado a pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu por serem pessoas importantes, como à Familia Real, inicialmente, e aos senhores feudais, posteriormente, que se transformou sucessivamente em "vossemecê", "vosmecê", "vancê" e, por fim, ‘você’, que ainda pode ser transformado na linguagem oral em ‘cê’ e na linguagem escrita em ‘vc’.

Variação Geográfica/Regional


Também chamada de Diatópica do grego Dia, que significa através de, e Topos, que significa lugar.
Ocorrem em razão de diferenças regionais, são variações de vocabulário e/ou pronúncia de palavras entre locais diferentes que falam o mesmo idioma.
Essa variação pode ocorrer tanto ao se tratar de diferentes regiões de um mesmo país ou de países distintos que utilizam a mesma língua. E se dá, porque esses locais têm uma história diferente, tiveram influências diferentes e algumas vezes têm até mesmo culturas diferentes e isso tudo contribui para a modificação da língua.
Por exemplo, a macaxeira, muito consumida no Norte e no Nordeste é chamada de aipim ou mandioca no Sudeste, Assim como mexerica pode se chamar tangerina, ou abóbora se chamar jerimum.
E contrastando o Português brasileiro, com o de Portugal (respectivamente), temos várias diferenças que causam certo estranhamento, por exemplo: Moça/Rapariga, Cafezinho/Bica, Calcinha/Cueca, Fila/Bicha, Injeção/Pica, Pão Francês/Cacetinho, Garoto/Puto, Caixinha/Boceta, entre outras expressões que sem um conhecimento prévio gerariam confusão e desconforto.

Variação Sociocultural


Também chamada de Diástrática do grego Dia, que significa através de, e Stratu, que significa camada.
São variações pertencentes a grupos específicos. Nestas variações, podemos destacar as gírias, relacionadas a grupos sociais como os surfistas, emos, patricinhas, pagodeiros, funkeiros, skatistas, roqueiros, grafiteiros, geeks etc. e os jargões que se relacionam mais aos grupos profissionais como os médicos, advogados, professores, profissionais de informática, entre outros.
Além de grupos sociais, também há as variações que se dão devido a características específicas como faixa etária, gênero, estrato social, escolaridade etc.

Variação Individual/Estilística


Também chamada de Diafásica do grego Dia, que significa através de, e Phásis, que significa expressão.
Esse tipo de variação modifica maneiras de falar e se expressar de pessoa para pessoa, pois cada um tem suas características próprias, suas “manias” na hora da fala. E esse modo de falar além de ser diferente para cada pessoa, pode ser diferente para uma mesma pessoa dependendo da situação conversacional em que se encontra.
Por exemplo, em um encontro com amigos, a maneira como eles iriam interagir não seria a mesma que esses mesmos amigos teriam em uma entrevista de emprego, ou no local de trabalho falando com seu chefe, nem a mesma que eles utilizariam para falar com alguém com quem se tem mais carinho, como um familiar próximo, cônjuge, etc. Temos a habilidade, de saber automaticamente, como adequar nossa linguagem levando em consideração a situação em que nos encontramos. 
E há também a variação que ocorre pelo estado emocional da pessoa, que a leva a ter uma linguagem diferente se ela estiver feliz, brava, agitada, com dor, apaixonada, animada, tímida etc.

Posted by Sthefani Curtz

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Evanildo Bechara

Quinto ocupante a Cadeira nº 33, eleito em 11 de dezembro de 2000, na sucessão de Afrânio Coutinho e recebido em 25 de maio de 2001 pelo Acadêmico Sergio Corrêa da Costa.
Evanildo Cavalcante Bechara nasceu no Recife (PE), em 26 de fevereiro de 1928. Aos onze para doze anos, órfão de pai, transferiu-se para o Rio de Janeiro, a fim de completar sua educação em casa de um tio-avô.
Desde cedo mostrou vocação para o magistério, vocação que o levou a fazer o curso de Letras, modalidade Neolatinas, na Faculdade do Instituto La-Fayette, hoje UERJ, Bacharel em 1948 e Licenciado em 1949.
Aos quinze anos conheceu o Prof. Manuel Said Ali, um dos mais fecundos estudiosos da língua portuguesa, que na época contava entre 81 e 82 anos. Essa experiência permitiu a Evanildo Bechara trilhar caminhos no campo dos estudos linguísticos. Aos dezessete, escreve seu primeiro ensaio, intitulado Fenômenos de Intonação, publicado em 1948, com prefácio do filólogo mineiro Lindolfo Gomes. Em 1954, é aprovado em concurso público para a cátedra de Língua Portuguesa do Colégio Pedro II e reúne no livro Primeiros Ensaios de Língua Portuguesa artigos escritos entre os dezoito e vinte e cinco anos, saídos em jornais e revistas especializadas.
Concluído o curso universitário, vieram-lhe as oportunidades de concursos públicos, que fez com brilho, num total de onze inscritos e dez realizados. Aperfeiçoou-se em Filologia Românica em Madri, com Dámaso Alonso, nos anos de 1961 e 1962, com bolsa oferecida pelo Governo espanhol. Doutor em Letras pela UEG (atual UERJ), em 1964.
Convidado pelo Prof. Antenor Nascentes para seu assistente, chega à cátedra de Filologia Românica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UEG (atual UERJ) em 1964. Professor de Filologia Românica do Instituto de Letras da UERJ, de 1962 a 1992. Professor de Língua Portuguesa do Instituto de Letras da UFF, de 1976 a 1994.
Professor titular de Língua Portuguesa, Linguística e Filologia Românica da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, de 1968 a 1988. Professor de Língua Portuguesa e Filologia Românica em IES nacionais (citem-se: PUC-RJ, UFSE, UFPB, UFAL, UFRN, UFAC) e estrangeiras (Alemanha, Holanda e Portugal).
Em 1971-72 exerceu o cargo de Professor Titular Visitante da Universidade de Colônia (Alemanha) e de 1987 a 1989 igual cargo na Universidade de Coimbra (Portugal).
Professor Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994) e da Universidade Federal Fluminense (1998).
Dentre suas teses universitárias contam-se os seguintes títulos: A Evolução do Pensamento Concessivo no Português (1954), O Futuro em Românico (1962), A Sintaxe Nominal na Peregrinatio Aetheriae ad Loca Sancta (1964), A Contribuição de M. Said Ali para a Filologia Portuguesa (1964), Os Estudos sobre Os Lusíadas de José Maria Rodrigues (1980), As Fases Históricas da Língua Portuguesa: Tentativa de Proposta de Nova Periodização (1985). Autor de duas dezenas de livros, entre os quais a Moderna Gramática Portuguesa, amplamente utilizada em escolas e meios acadêmicos, e diretor da equipe de estudantes de Letras da PUC-RJ que, em 1972, levantou o corpus lexical do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, sob a direção geral de Antônio Houaiss.
Orientador de dissertações de Mestrado e de teses de Doutoramento no Departamento de Letras da PUC-RJ, no Instituto de Letras da UFF e no Instituto de Letras da UERJ, desde 1973. Membro de bancas examinadoras de dissertações de Mestrado, de teses de Doutoramento e de Livre-Docência na Faculdade de Letras da UFRJ, no Instituto de Letras da UERJ e em outras IES do país, desde 1973. Membro de bancas examinadoras de concursos públicos para o magistério superior no Instituto de Letras da UFF, no Instituto de Letras da UERJ e no Departamento de Letras da USP, desde 1978.
Foi Diretor do Instituto de Filosofia e Letras da UERJ, de 1974 a 1980 e de 1984 a 1988; Secretário-Geral do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, de 1965 a 1975; Diretor do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, de 1976 a 1977; Membro do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, de 1978 a 1984; Chefe do Departamento de Filologia e Linguística do Instituto de Filosofia e Letras da UERJ, de 1981 a 1984; Chefe do Departamento de Letras da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, de 1968 a 1988.
Membro titular da Academia Brasileira de Filologia, da Sociedade Brasileira de Romanistas, do Círculo Lingüístico do Rio de Janeiro. Membro da Société de Linguistique Romane (de que foi membro do Comité Scientifique, para o quadriênio 1996-1999) e do PEN Clube do Brasil. Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.
Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra (2000).
Distinguido com as medalhas José de Anchieta e de Honra ao Mérito Educacional (da Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro), e medalha Oskar Nobiling (da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura).
Foi convidado por acadêmicos amigos para candidatar-se à Academia Brasileira de Letras, na vaga do grande Mestre Afrânio Coutinho, na alegação de que a instituição precisava de um filólogo para prosseguir seus deveres estatutários no âmbito da língua portuguesa. Foi Diretor Tesoureiro da Instituição (2002-2003) e Secretário-Geral (2004-2005). Criou a Coleção Antônio de Morais Silva, para publicação de estudos de língua portuguesa, e é membro da Comissão de Lexicologia e Lexicografia e da Comissão de Seleção da Biblioteca Rodolfo Garcia.
Entre centenas de artigos, comunicações a congressos nacionais e internacionais, Bechara escreveu livros que já se tornaram clássicos, pelas suas sucessivas edições.
Diretor da revista Littera (1971-1976) – 16 volumes publicados; da revista Confluência (1990-2005) – até agora com 30 volumes publicados.
Foi eleito por um colegiado de educadores do Rio de Janeiro, com apoio da Folha Dirigida, uma das dez personalidades educacionais de 2004 e 2005. A convite da Nova Fronteira integra o Conselho Editorial dos diversos volumes do Dicionário Caldas Aulete.
Em 2005 foi nomeado membro do Conselho Estadual de Leitura do Rio de Janeiro e da Comissão para a Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa, iniciativa do Ministério da Educação.


Dentre várias obras publicadas por Evanildo Bechara, podemos dizer, como estudantes de Letras, que uma das mais importante foi a Moderna Gramática Portuguesa.


Com a evolução dos estudos linguísticos e das pesquisas em língua portuguesa, há muito não saía uma gramática completa que pudesse dar conta deste progresso.

Esta lacuna é agora preenchida pela edição da Moderna Gramática Portuguesa, do profº Evanildo Bechara, revista e atualizada, também na grafia, pelo autor, eminente estudioso e pesquisador de nosso idioma, e representante da Academia Brasileira de Letras no novo Acordo Ortográfico.

Acertando o passo com este progresso, a Moderna Gramática Portuguesa põe nas mãos dos professores, alunos e estudiosos a mais completa soma de fatos e soluções de dúvidas em língua portuguesa.

Esta obra aborda os seguintes temas – Breve história externa da língua portuguesa; Teoria gramatical; Linguagem – suas dimensões universais; Linguagem; Técnica livre do discurso e discurso repetido; Sistema, norma, fala e tipo linguístico; Propriedades dos estratos de estruturação gramatical; Língua comum e dialeto; Âmbitos de estudo da Gramática; Fonética e Fonologia; Vogais e consoantes; Acento de intensidade; Acento de intensidade na frase; Vocábulos tônicos e átonos – os clíticos; Consequência da próclise; Palavras que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica; Palavras que admitem dupla prosódia; Inconsistência do gênero gramatical; Aumentativos e diminutivos afetivos; Comparativos e superlativos irregulares; Pronome substantivo e pronome adjetivo; Função do pronome átono em Dou-me ao trabalho; Reforços de demonstrativos; Formas nominais do verbo; Emprego do verbo – tempos e modos; Locução prepositiva; Conjunções e expressões enfáticas; Palavras cognatas; Enobrecimento do significado; Alternância entre adjetivo e advérbio; Regência; Os diversos tipos de sinais de pontuação; Aliteração; entre outros
FONTE:  LeLivros


Posted by Sthefani Curtz

ESTRUTURALISMO

O Estruturalismo foi criado por volta 1916 por meio do “Curso de Linguística Geral” de Ferdinand de Saussure, que cunhou o nome conhecido de sistema. O Estruturalismo é um dos métodos mais conhecidos para estudar todas as línguas e suas inter-relações e é também considerado uma ciência, no qual procura explorar a língua de acordo a sua cultura, pois de acordo com a teoria estrutural, os significados são produzidos e reproduzidos através de muitos fatores e fenômenos geográficos.  

A maior contribuição de Saussure foi o estudo das Dicotomias, são elas:

Sincronia/Diacronia 


Diacronia vem do grego kronos que significa tempo. Ela estuda a linguagem através do tempo. Já a Sincronia vem do grego sin. Ela estuda a língua em um determinado período do tempo.

Língua/Fala


A língua se opõe à fala, a língua é coletiva e a fala individual, a língua é social e é utilizada por mais de um indivíduo enquanto a fala é utilizada por indivíduos, vistos em sua individualidade.

Significante/Significado


O significante é a imagem acústica, enquanto o significado é o conceito.




Paradigma/Sintagma


As dicotomias paradigmas são as possibilidades que podem ocorrer já os sintagmas são o que está inserido na frase, pertencem e estão relacionadas com a língua e com a fala, pois estão ligadas ao sistema estrutural. Ambas ocorrem em todos os níveis da língua.




Posted by Sthefani Curtz


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

As Línguas Transnacionais

Embora haja diferenças vocabulares entre países que falam um mesmo idioma, o português apresenta formas divergentes onde teriam tudo para ser iguais

Praticamente todas as línguas apresentam variedades regionais, isto é, diferenças no modo de falar (pronúncia, vocabulário, sintaxe) perceptíveis de uma região a outra do território em que a língua é falada. Mesmo idiomas falados em áreas restritas costumam apresentar variações. Às vezes, é possível observar mudanças até entre bairros de uma mesma cidade. Basta lembrar o "mooquês" (do bairro da Mooca, em São Paulo) ou o inglês do Brooklyn, em Nova York. Sobretudo as línguas transnacionais (faladas em vários países) têm variedades com diferenças significativas, como é o caso do inglês (variedades britânica, americana, jamaicana, africana, asiática), espanhol (ibérico, sul-americano, centro-americano), alemão da Alemanha e da Áustria, holandês dos Países-Baixos e da Bélgica, e assim por diante. O português, idioma intercontinental, falado em sete países, não foge à regra. Pode-se detectar nele pelo menos três variedades: a lusitana, a brasileira e a africana (esta mais próxima da lusitana).

Quando se trata de variedades regionais dentro de um mesmo território, o principal aspecto a denunciar a variação é a pronúncia: diferenças de vocabulário só costumam aparecer a grandes distâncias; diferenças sintáticas são raras nesses casos. Já as variedades nacionais são mais perceptíveis: diferenças fonéticas acentuadas, maior variabilidade lexical, divergências ortográficas e até um sentimento nacionalista em relação à própria fala, como chamar o português do Brasil de "língua brasileira".

Diferenças Regionais do Português Brasileiro


1) Tupi Importado


A Amazônia fala de um modo bem diferente do vizinho Nordeste. A razão para isso é que lá quase não houve escravidão de africanos. Predominou a influência do tupi, língua que não era falada pelos índios da região, mas foi importada por jesuítas no processo de evangelização.

2) Minha Tchia


O litoral nordestino recebeu muitos escravos negros, enquanto o interior encheu-se de índios expulsos da costa pelos portugueses. Isso explica algumas diferenças dialetais. No Recôncavo Baiano, o "t" às vezes é pronunciado como se fosse "tch". É o caso de "tia", que soa como "tchia". Ou de "muito", frequentemente pronunciado "mutcho'". No interior, predomina o "t" seco, dito com a língua atrás dos dentes.

3) Maternidade


   A exploração do ouro levou gente do Brasil todo para Minas no século XVIII. Como toda a mão de obra se ocupava da mineração, foi necessário criar rotas de comércio para importar comida. Uma delas ligava a zona do minério com o atual Rio Grande do Sul, onde se criavam mulas, via São Paulo. As mulas, que não se reproduzem, eram constantemente importadas para escoar ouro e trazer alimentos. Também espalharam a língua brasileira pelo centro-sul.

4) Chiado Europeu


Quando a família real portuguesa mudou-se para o Rio, em 1808, fugindo de Napoleão, trouxe 16.000 lusitanos. A cidade tinha 50 mil habitantes. Essa gente toda mudou o jeito de falar carioca. Data daí o chiado no "s", como em "festa", que fica parecendo "feishta". Os portugueses também chiam no "s".

5) Tu e Você


Os tropeiros paulistas entraram no Sul no século XVIII pelo interior, passando por Curitiba. O litoral sulista foi ocupado pelo governo português na mesma época com a transferência de imigrantes das Ilhas Açores. A isso se deve a formação de dois dialetos. Na costa, fala-se "tu", como é comum até hoje em Portugal. No interior de Santa Catarina, adota-se o "você", provavelmente espalhado pelos paulistas.

6) Porrrrta


Até o século passado, a cidade de São Paulo falava o dialeto caipira, característico da região de Piracicaba. A principal marca desse sotaque é o "r" muito puxado. A chegada dos migrantes, que vieram com a industrialização, diluiu esse dialeto e criou um novo sotaque paulistano, fruto da combinação de influências estrangeiras e de outras regiões brasileiras.

Retirado de: Aldo Bizzocchi / Super Interessante, abril 2000, p.49
By Eduardo Santos

Posted by Sthefani Curtz

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O Primeiro Texto em Português - A Cantiga da Ribeirinha

A chamada “Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga da Guarvaia”, do trovador Paio Soares de Taveirós é considerada a mais antiga composição poética documentada em língua portuguesa (galego-portuguesa), a data de sua redação foi provavelmente 1189 ou 1198. Essas datas, no entanto, são motivos de muita discussão entre os filólogos que se dedicam a esses estudos, e há quem prefira dizer que o poema não pode ter sido feito antes de 1200. 

Além disso, o próprio texto ainda não foi definitivamente fixado, havendo variantes interpretativas que chegam a permitir ver no poema uma cantiga de amor ou uma cantiga de escárnio e maldizer. Somam-se a isso mais um motivo de dúvidas, sendo provável que o texto originalmente apresentasse uma terceira estrofe, hoje perdida. Há até uma hipótese recente que contesta a autoria de Paio Soares de Taveirós, atribuindo a cantiga a Martim Soares.

O Poema


Ribeirinha

No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois, eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen hei
Valia d’ua Correa.
(Paio Soares de Taveirós)

Retirado de: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/32033/cantiga-de-ribeirinha-literatura-portuguesa [EDITADO]

Significado aproximado no Português atual


No mundo ninguém se assemelha a mim
enquanto a minha vida continuar como vai
porque morro por ti e ai
minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quereis que eu vos descreva (retrate)
quanto eu vos vi sem manto (saia : roupa íntima)
Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia (ou seja, viu a mais bela).
E, minha senhora, desde aquele dia, ai
tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupas luxuosas)
pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi
algo, mesmo que sem valor.

Retirado de: http://www.passeiweb.com/estudos/livros/cantiga_da_ribeirinha

Posted by Sthefani Curtz